Qual o limite entre a fome e a compulsão alimentar?

Como o cérebro/emoções influencia uma pessoa a desenvolver a compulsão alimentar?

No cérebro está localizado uma região responsável pela regulação da fome e da saciedade e, caso este “sensor” esteja comprometido, haverá um desequilíbrio entre a fome e a vontade de comer. Diversas doenças, situações e emoções podem levar a alteração do equilíbrio fome/saciedade, dentre as causas principais estão a ansiedade e a depressão. Nessas doenças a busca por alívio de sensações desagradáveis como preocupação, tristeza e angústia, podem levar ao ato repetitivo de comer, uma fonte rápida e fácil de prazer, mas com sérias consequências em curto, médio e longo prazo.

 

O que o indivíduo sente para agir de tal forma? A compulsão é inconsciente?

O ato de comer leva a liberação de substâncias que trazem sensação de prazer ao corpo. Isso é importante para que sejamos estimulados a nos alimentar, caso contrário morreríamos de fome. Este mecanismo que regula a sensação de prazer após comer é chamado de sistema de recompensa.

Em algumas situações, quando o indivíduo sente-se mais triste, desanimado, angustiado, ele usa deste mecanismo para sentir-se melhor. Isso pode perpetuar-se e formar um ciclo de busca de prazer através da comida, podendo levar a compulsão alimentar. Muitas vezes o indivíduo não se dá conta do ciclo em que se encontra, tornando a busca do prazer pelo ato de comer algo inconsciente.

 

O que acontece no cérebro que influencia esse comportamento?

Não se sabe ao certo os mecanismos que levam ao comportamento de compulsão alimentar. Estudos citam diversos neurotransmissores e suas relações entre si como sendo parte dos responsáveis pelas alterações nas pessoas compulsivas. De uma forma geral é provável que o cérebro de pessoas compulsivas por comida “mal-interprete” a sensação de fome/saciedade, fazendo com que essas pessoas sintam sempre uma vontade aumentada de comer.

 

Quais os possíveis problemas psiquiátricos podem levar a compulsão alimentar?

Transtornos alimentares (principalmente bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar periódica), transtornos do humor (depressão), transtornos de ansiedade

 

Quais as formas de tratamento?

O tratamento é geralmente mais eficaz quando se associa uma técnica de psicoterapia com farmacoterapia, esta última com antidepressivos inibidores seletivos da receptação da serotonina, a princípio.

 

Quais os sintomas de uma pessoa que apresenta compulsão alimentar?

A pessoa geralmente apresenta uma ingesta alimentar em quantidades significativamente maiores que a maioria das pessoas numa refeição ou busca alimentos por mais tempo que a maioria da população, mesmo sem a sensação de fome ou sentindo desconforto após alimentação. Este comportamento pode levar o indivíduo a se isolar para comer, pois tem vergonha de mostrar seus hábitos, sentir culpa após as refeições, apresentar ansiedade e angústia devido ao comportamento compulsivo. Além disso há ganho de peso que pode gerar outras doenças como obesidade, síndrome metabólica e problemas cardiovasculares.

 

Como identificar traços na personalidade que indica que ela pode ter/desenvolver algum distúrbio alimentar?

Quando analisamos a personalidade de indivíduos com distúrbios alimentares podemos ver em grande número traços de rigidez e perfeccionismo, com preocupação excessiva em relação a própria saúde e autoimagem, principalmente naqueles preocupados em manter o peso “ideal”. Para os compulsivos pelos alimentos notamos alguns traços ansiosos, depressivos e com busca imediata por prazer. Isso não significa que uma pessoa com essas características desenvolverá um distúrbio alimentar, assim como vários pacientes com distúrbios alimentares possuem outras tantas características de personalidade.