Instabilidade emocional, sentimento de abandono, impulsividade, angústia constante e depressão. Quando estas características se apresentam de forma disfuncional em um indivíduo, provavelmente ele sofre do chamado ‘transtorno de personalidade borderline‘.
Acredita-se que o termo ‘borderline‘, para designar o paciente com esse distúrbio mental, tenha sido usado pela primeira vez no fim da década de 30, pelo médico e psicanalista americano Adolph Stern. Desde aquela época, dizia-se que portadores dessa condição viviam na “fronteira” entre neurose (quando há conflitos psiquiátricos, mas sem perda da realidade) e psicose (com perda de realidade).
“É um transtorno multifatorial que pode levar anos para ser diagnosticado, já que há características semelhanças com outros distúrbios mentais como bipolaridade”, explica Ricardo Feldman, psiquiatra do Núcleo de Medicina Psicossomática e Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein.
O Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais, o guia das doenças psiquiátricas da Associação Americana de Psiquiatria, caracteriza o transtorno com uma lista de nove sintomas: sensação constante de vazio; acessos injustificáveis de raiva; alternância constante e extrema de humor; relações interpessoais intensas e instáveis; comportamento impulsivo; ideias frequentes de suicídio ou automutilação intencional (em geral, com intenção de aliviar fisicamente a dor psíquica); episódios de paranoia; autoimagem instável; e esforços desmedidos para evitar um abandono verdadeiro ou imaginado.
Hoje já se sabe que dependência de álcool ou drogas também é frequente em pacientes diagnosticados borderline.
Estudos sugerem que parte desses pacientes apresenta, principalmente, diferenças em uma área do cérebro conhecida como lobo frontal, responsável pelas funções cognitivas, organização do pensamento, entre outras ações.
Caracterizada como transtorno de personalidade limítrofe, a condição também pode ocorrer em virtude de predisposição genética, somada a influências ambientais, como situações de violência na infância.
O tratamento do transtorno de personalidade borderline é realizado com o uso de estabilizadores de humor e remédios antidepressivos. “É possível que o transtorno seja estabilizado, mas não existe cura”, afirma Feldman.
Acompanhamento psicológico com o intuito de ajudar esses pacientes a lidar e controlar suas emoções negativas é essencial. Vale ressaltar que o diagnóstico preciso da condição só poderá ser feito por um psiquiatra.